Com Deus me deito, com Deus me levanto: A importância da meditação durante todo o dia.

Estamos o tempo todo rodeados de informações, estímulos visuais e sonoros, preocupações e excessiva carga de trabalho. Todas essas coisas resultam em um cansaço mental que infelizmente acaba nos roubando do essencial.

Fomos criados por Deus como seres relacionais, dotados de inteligência, vontade e afetividade que nos direciona sempre para uma relação com o outro. Seja esse “outro” o nosso semelhante, seja esse “Outro” o principal de todos: Deus.

Na relação com as pessoas a comunicação acontece de forma mais direta e objetiva, nós nos colocamos em movimento de encontro. Ligamos, convidamos para um café ou chá da tarde, um churrasco no final de semana, conversamos, rimos, compartilhamos alegrias e tristezas. Isso é o “básico” em uma relação de amizade.

Existe um “Outro” que também quer se relacionar contigo.

Na relação com as pessoas nós temos um variado repertório de possibilidades para estabelecermos uma relação de amizade.

E com Deus como será que devemos nos relacionar?

A melhor forma de relação com Deus é a oração! Meditar nas verdades divinas e no infinito amor de Deus por nós. Na verdade, Ele mesmo quer relacionar-se conosco, não apenas em um determinado momento, mas a todo o tempo, em todas as situações. Como um grande amigo, Deus se faz presente em tudo aquilo que vivemos, a sua presença é constante.

A meditação é a arte da serenidade.

Estando Deus presente o tempo todo é importantíssimo que estejamos também com o nosso coração voltado para ele. A meditação diária é uma necessidade do nosso coração e da nossa alma que “suspira como a corça pelas correntes de água” (Sal 42).

Meditar todos os dias para estar em constante união com Deus!

Começar o dia meditando é a melhor forma de, diante todas as adversidades que possam surgir, manter a serenidade; evitando as palavras ríspidas que ferem aqueles a quem elas se dirigem.

A serenidade é um fruto precioso que pode ser colhido do exercício de meditação, pois ela surge justamente do contato íntimo daquele que é a nossa paz, como diz S.  Paulo na Carta aos Efésios. Manter-se sereno em meio às adversidades é uma arte e é somente por meio da meditação que podemos alcançá-la!

Cuidado com os métodos de meditação!

É bastante comum ouvirmos falar sobre meditação em outras religiões ou filosofias espiritualistas, é preciso tomar cuidado, pois nem tudo aquilo que se nomeia por meditação pode ser praticado por nós católicos.

Existe uma diferença fundamental entre a meditação católica e a meditação de origem não católica.

A meditação católica tem como objetivo o encontro pessoal com Cristo. Meditamos para que a Graça de Deus nos toque e nos transforme interiormente, capacitando-nos para a vivência do amor à exemplo de Jesus Cristo.

Veja bem, não é uma experiência intimista e centralizada somente no meu bem-estar, tendo como centro de tudo o ser humano. A meditação católica tem Jesus Cristo como princípio e fim de tudo!

Em 1989 a Congregação para a Doutrina da Fé enviou uma Carta aos Bispos da Igreja Católica acerca de alguns aspectos da meditação cristã, a fim de orientar a todo o Povo de Deus sobre esse tema. Veja o que o nos diz o nº 11 desta carta:

“A meditação cristã orante procura encontrar nas obras salvadoras de Deus em Cristo Verbo encarnado, e no dom do seu Espírito, a profundidade divina que nessas obras se revela sempre mediante a dimensão humano-terrena.”

Eis o porquê e como devemos meditar. Para encontrarmos em Jesus a profundidade divina que se revela em nosso cotidiano.

 “Desde o nascer ao pôr-do-sol, seja louvado o nome do Senhor.”

(Salmo 112, 3)

Quando eu era criança minha mãe ensinou-me uma oração (Que ela já havia aprendido da minha avó) bem simples, mas que expressa a importância de colocar-se constantemente na presença de Deus. A oração é assim:

“Com Deus me deito, com Deus me levanto. Com a Virgem Maria e o Espírito Santo”.

Essa oração me foi ensinada para que eu rezasse ao acordar e ao dormir. Essas simples palavras me remetem à importância de consagrar o dia a Deus pela meditação dos seus mistérios e também ao final do dia agradecer por tudo o que foi vivido, fazendo memória de gratidão por todas as graças recebidas e refletir sobre os meus erros.

Como é importante meditarmos à noite, antes de repousarmos a nossa cabeça no travesseiro, nos colocarmos na presença desse Deus de infinita misericórdia e amor incondicional.

A meditação noturna nos coloca em postura de vigilância, mesmo quando dormimos. Ao meditarmos antes de nos deitarmos, deixamos o nosso coração como o coração da Sulamita do Cântico dos cânticos: “Eu dormia, mas meu coração velava” (5, 2).

Meditar ao acordar e antes de dormir são atitudes primordiais para uma sadia intimidade com Deus.

Por Flávio Jr.