Hoje, a Igreja celebra Santa Mônica, uma mulher de estudo e oração, que cumpriu de maneira exemplar sua missão dentro de seu próprio lar. Através de suas incessantes orações, viu a conversão de seu filho Agostinho, que se tornou um dos santos mais importantes de seu tempo, cujos ensinamentos impactam a Igreja até hoje, mais de 1600 anos depois de sua existência.

Mônica nasceu em Tagaste, no norte da África (localizada na atual Argélia) no ano de 332 e foi entregue como esposa aos 17 ou 18 anos, como era costume há época, ao jovem Patrício. Ela recebeu sólida formação cristã e se preocupava especialmente com a conversão de sua família. Consumiu-se em orações constantes pelo esposo rude, pagão e, especialmente, pelo filho mais velho, Agostinho, que vivia em vícios e pecados.

Aliás, muito da vida de Santa Mônica conhecemos justamente através dos escritos de Santo Agostinho depois de sua conversão, especialmente em sua obra mais notória, as Confissões. O próprio Agostinho fala sobre as qualidades e virtudes de sua mãe, mas, de maneira especial, ele menciona o quanto Mônica rezava por sua conversão, inclusive com muitas lágrimas. Em seu diálogo com Deus, o santo reconhece que «ela não cessava de chorar por mim em tua presença em todas as horas de suas orações; e suas preces eram aceitas a teus olhos…».

Uma vez, quando seu coração estava entristecido, acreditando que Agostinho não teria salvação pois tinha aderido à heresia Maniqueísta, Mônica foi pedir ajuda ao bispo que lhe apaziguou o coração com a frase que se tornou famosa: “Vai-te em paz, mulher, e continua a viver assim, que não é possível que pereça o filho de tantas lágrimas” (Confissões, III, 12)

O testemunho que Mônica nos deixa é de uma mulher que assumiu sua missão de levar sua família ao encontro com Cristo e desempenhou esse papel como verdadeira mulher de fé, que sofria e entregava seu sofrimento a Deus.

Esposa e Mãe consciente de seu papel

Seu filho, ao recolher seu testemunho em suas Confissões, escreve sobre a sabedoria de sua mãe que procurou conquistar o marido para Deus, falando sempre das virtudes de Cristo, que era o que a fazia bela e admirável diante do marido, como ela dizia (Conf. IX, 1).

Vejam que escola de santidade no lar nos descreve Agostinho sobre sua mãe:

«Seu marido, se de um lado era sumamente afetuoso, por outro era extremamente colérico, mas ela tinha o cuidado de não contrariá-lo nem com ações, nem com palavras, se o visse irado. Logo que o via calmo e sossegado, oportunamente, mostrava-lhe o que havia feito, se por acaso se tivesse irritado desmedidamente»

Confissões IX, 2

Mônica também era conhecida por dar conselhos a outras mulheres casadas que sofriam com seus maridos em casa e, conta-se que aquelas que seguiam seus ensinamentos, vinham depois agradecê-la, enquanto que as que não a escutavam, continuavam sofrendo em seus matrimônios.

Uma mulher de oração perseverante

Santa Mônica, no entanto, é mais conhecida por seu testemunho de oração perseverante que acabou por produzir um dos maiores santos que a humanidade já conheceu. Em seu sofrimento ocultado à vista de muitos, ela rezava continuamente e era ouvida por Deus, ainda que a resposta tenha vindo 33 anos depois. Mônica também nos deixa o exemplo de uma mãe que amou tanto seu filho que se preocupava com seu destino eterno e não somente com sua vida terrena.

Agostinho tinha se tornado um homem inteligente e bem formado, bem sucedido aos olhos do mundo, mas sua mãe sabia que ele precisava ter o verdadeiro sucesso, isto é, produzir frutos em abundância para Deus e, por isso, ela rezava sem cessar.

Mônica faleceu em 387, na cidade italiana de Óstia, poucos dias depois de ter tido uma experiência mística junto a seu filho. Foi canonizada pelo Papa Alexandre lll e foi declarada Padroeira das Associações das Mães Cristãs. Seu corpo foi “descoberto” em 1430 e transferido para a Basílica de Santo Agostinho, em Roma.