No dia de hoje a Igreja celebra a santidade de Bartolomeu, um dos doze apóstolos de Jesus que, quando teve seu primeiro encontro com o Mestre, recebeu um elogio marcante, que se desenrolou em um intrigante diálogo e em uma belíssima profissão de fé.

O nome Bartolomeu é um patronímico de origem aramaica, que quer dizer «filho de Talmay», mas tradicionalmente ele também é identificado como Natanael, que significa «Dom de Deus». Ele provinha de Caná (Jo 21, 2) e veio a saber de Jesus através de seu amigo Filipe.

Uma das características marcantes que podemos notar em Bartolomeu da pequena narrativa contida no Evangelho, é que para Ele não bastava ouvir falar, mas precisava de uma experiência, de um encontro pessoal com Jesus. Sobre isso, Bento XVI, na Audiência Geral de 04 de outubro de 2006, nos lembra que «o testemunho de outrem é certamente importante, porque normalmente toda a nossa vida cristã começa com o anúncio que chega até nós por obra de uma ou de várias testemunhas. Mas depois devemos ser nós próprios a deixar-nos envolver pessoalmente numa relação íntima e profunda com Jesus».

Encontro pessoal com Jesus

Bartolomeu não se conteve com a narrativa de Filipe, mas foi ter pessoalmente com Jesus que, ao vê-lo, faz um elogio, dizendo que aquele galileu era um verdadeiro israelita, em quem não havia fingimento. Esse elogio do Mestre imediatamente suscita a curiosidade do futuro apóstolo que pergunta a Jesus: «Como me conheces?»

Nesse momento, Jesus dá uma resposta que, a princípio, não é totalmente compreensível, pois cita o fato de ter visto Natanael (Bartolomeu) sob uma figueira. Não sabemos o que aconteceu sob esta figueira, mas sabemos que aquilo foi o toque decisivo para a vocação daquele homem. Ali, no diálogo com Jesus, ele compreendeu que Senhor o conhecia profundamente, que sabia o que ía no íntimo de seu coração.

Natanael, então, faz uma belíssima profissão de fé que marca sua adesão a Jesus. Naquele encontro pessoal que teve com Cristo, algo lhe foi tão revelador que ele reconhece Jesus como filho de Deus e Rei de Israel, isto é, o Messias esperado. Novamente, recorremos da catequese do Papa Bento XVI sobre Bartolomeu que nos recorda que «nunca devemos perder de vista nenhuma destas duas componentes, porque se proclamamos apenas a dimensão celeste de Jesus,  corremos  o  risco  de  o  transformar num ser sublime e evanescente, e se ao contrário reconhecemos apenas a sua colocação concreta na história, acabamos por descuidar a dimensão divina que propriamente o qualifica».

Da atividade apostólica de Bartolomeu após o que está contido na Sagrada Escritura, não temos notícias muito claras, mas, segundo Eusébio, um historiador do século IV, aquele apóstolo teria ido até a Índia e, em uma tradição posterior, narra-se que ele foi martirizado por esfolamento, fato que fez Michelangelo retratá-lo na famosa pintura Juízo Final, na Capela Sistina, segurando sua própria pele com a mão esquerda e, nessa pele, Michelangelo teria deixado um auto-retrato.

Por fim, Bento XVI nos dá a chave para compreender a figura de São Bartolomeu. « Para concluir, podemos dizer que a figura de São Bartolomeu, mesmo sendo escassas as informações acerca dele, permanece contudo diante de nós para nos dizer que a adesão a Jesus pode ser vivida e testemunhada também sem cumprir obras sensacionais. Extraordinário é e permanece o próprio Jesus, ao qual cada um de nós está chamado a consagrar a própria vida e a própria morte».