Antes de mais nada, é preciso dizer que a palavra vocação vem do latim vocare, que quer dizer chamar, mas, não pense você que vocação é algo destinado somente a padres, consagradas, enfim, aos religiosos em geral. Todos somos chamados por Deus, sem exceção.

São Paulo, em sua carta aos cristãos de Éfeso (Ef 1, 4), diz que Deus nos escolheu «antes da fundação do mundo, para sermos santos e íntegros diante dele, no amor». Esse é o primeiro chamado que precisamos ouvir de Deus, o chamado à santidade. A Igreja até mesmo nomeia esse chamado de «vocação universal à santidade», porque é o convite de Deus feito a mim e a você para sermos felizes com Ele. E, se prestarmos bem atenção ao texto de Paulo, veremos que Nosso Senhor pensou em nós antes mesmo que tivesse criado a Terra, estabelecido a órbita de cada planeta e o brilho de cada estrela. Nós já estávamos nos planos da Santíssima Trindade.

Agora é o mês de Agosto, que a Igreja no Brasil dedica-se, desde 1981, à meditar sobre, não somente esse chamado universal, mas aos desdobramento desse chamado. Afinal de contas, somos chamados à santidade, mas para que atinjamos essa meta, a cada um de nós, esse chamado geral se faz ecoar de uma maneira particular, configurada a mim e a você de maneira única. Essa é nossa vocação, propriamente dita.

E já que estamos partindo de um ponto de vista mais amplo para um mais específico, de forma natural, mais comum, Deus nos chama a constituir família. E, então, você já deve ter percebido que estamos falando da vocação ao Matrimônio. Na grande maioria das vezes, o chamado de Deus para cada um de nós se dá da mesma forma que aquele chamado para nossos primeiros pais para o amor fecundo, capaz de gerar outros seres humanos. E, é claro que tinha que ser assim, pois imagine se Nosso Senhor chamasse todos os homens e mulheres à vida religiosa?! A humanidade já tinha acabado por falta de gente.

Os casados respondem àquela vocação universal através de sua vocação particular e se santificam no Matrimônio, cumprindo seus deveres de estado, como bons esposos, bons pais, bons profissionais, permeando a sociedade da presença de Cristo através de seu testemunho e de suas orações. Quando um cristão cumpre bem esse chamado, ele cria um ambiente saudável para que aqueles que estão a seu lado também possam ouvir seu chamado particular.

Por exemplo, como pode um jovem ouvir o chamado ao sacerdócio ou à vida consagrada se em sua casa nunca se cogitou sequer essa possibilidade, nunca teve contato com padres ou consagrados? Ou, se forem chamados ao Matrimônio, como eles podem compreender que o que seus pais vivem é uma resposta a um convite de Deus para a santidade? Sem pais realmente convictos de sua vocação à santidade, os filhos vão crescer só pensando no sucesso imediato, sem ter em mente que todos nós devemos buscar o sucesso, por assim dizer, na Vida Eterna.

Por outro lado, Deus também convida algumas pessoas para que se dediquem a uma missão de imitar a Cristo em todos os aspectos da vida dele, incluindo o celibato. São os sacerdotes, os religiosos, as religiosas e os leigos consagrados. A esses ecoa aquele chamado que Jesus fez aos Apóstolos e, talvez, àquele jovem rico (Lc 18, 22). No caso daquele jovem, seu medo fez com que nem soubéssemos o nome dele, enquanto sabemos o nome e as ações dos demais que, ao ouvirem o convite do Mestre, deixaram tudo e o seguiram. 

Portanto, Deus sempre nos chama, sempre nos convida. O que cabe a nós é ouvir esse chamado. Muitas vezes podemos ser como aquele menino, Samuel, que vivia num tempo em que, como hoje, «as profecias eram raras e as visões não eram frequentes» (1 Samuel 3). Quando ele ouviu a voz de Deus que chamava seu nome, pensou que se tratava da voz de outra pessoa, e assim se deu várias vezes até que, auxiliado por Eli, um sacerdote experiente, responde diretamente a Deus e, então, começam suas aventuras impressionantes. Foi justamente Samuel que ungiu Davi como rei de Israel.

Deus tem muitas maneiras de nos chamar para essa vocação particular, que nasce daquela vocação universal à santidade. Lembrando que uma vocação não se sobrepõe à outra e todas são de extrema importância para a vida da Igreja. A nós cabe buscar ouvir esse suave chamado de Deus e não ter medo de dar a resposta certa, sabendo que nossa felicidade, o sentido de nossa vida está em justamente viver para aquilo que Deus nos chama.

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