No episódio do Café com Fé dessa quinta-feira, Adriano Dutra recebe Oscar André Frank Junior, Economista Chefe da Câmara dos Dirigentes Lojistas de Porto Alegre para conversar sobre como o tema das finanças pode afetar o matrimônio.

Oscar revela que existem pesquisas que mostram que as questões financeiras são um ponto de atrito entre os casais e ele acredita que a busca de uma solução deva se dar de maneira conjunta. «Para mim, os grandes problemas a serem resolvidos nesse tipo de situação é o fato de, eventualmente, um esconder do outro algum tipo de gasto, ou seja, não haver transparência no sentido da administração financeira».

Outro ponto de atrito mencionado por Oscar ocorre quando os cônjuges possuem planos independentes. Essa incompatibilidade de desejos somada à falta de transparência são os principais problemas.

Para Oscar, para resolver isso, os objetivos dos cônjuges devem ser colocados de maneira clara para facilitar a tomada de decisão. Isso «vai propiciar, inclusive, que os esforços sejam conjugados. Uma conversa aberta, franca, transparente e estabelecer um plano de ação». Mas, o Economista também reconhece que não há uma receita única, pois não há um só tipo de realidade econômica entre os casais.

«Cada família apresenta uma estrutura diferente do ponto de vista do trabalho», afirma Oscar. «É preciso identificar quais são os desejos, quais são as facilidades que cada pessoa tem».

Educação Financeira

Segundo Oscar, no tema da educação financeira, no Brasil estamos muito atrasados. Em 2018 ocorreu um teste específico para jovens de 15 anos sobre conceitos financeiros e, nesse caso, «o Brasil acabou performando muito mal. Temos um número muito grande de jovens que têm uma pequena proficiência e um número muito pequeno de jovens com uma grande proficiência».

«Esse é o tipo de carência que acaba sendo carregado para mais adiante», diz Oscar. «Aqueles que estão mais bem preparados têm muito mais condições de lidar com os desafios reais e com as dificuldades que são apresentadas quando estiverem mais velhos». Para o entrevistado, a educação financeira bem estabelecida, com questões elementares, faz a diferença e transforma a vida das pessoas. 

Como ensinar os filhos

«Os pais devem abordar a educação financeira, em casa, através do exemplo», recorda Oscar. «Não posso esperar muito que meu filho tenha noções boas de educação financeira, que saiba gerir bem seu dinheiro, se os próprios pais não estão fazendo isso».

O que as famílias podem fazer, de acordo com Oscar, é fazer um levantamento de todas as receitas e despesas. Depois, fazer uma boa análise das despesas, para cotar o supérfluo. «De tempos em tempos é preciso fazer isso». Ele também recomendar não focar muito na despesa, mas na receita. «Muitas vezes, as pessoas subestimam a capacidade que elas têm de ganhar mais».

Por outro lado, Oscar também recomenda a família ter uma conta de investimento, para poupar. Assim é possível se ter patrimônio no futuro.

Ao ser perguntado sobre a possibilidade competição entre os cônjuges, Oscar responde que isso vai além da questão financeira. Para ele, isso diz mais respeito a «questões que não engrandecem o ser humano e que são a antítese daquelas virtudes que Deus espera que nós tenhamos. É um casal e o casal une esforços pela família. Essa competição não leva a lugar nenhum. O que deve ser buscado é o bem estar da família como um todo».

Economia da família no cenário atual

Num cenário de inflação e possível aumento da taxa de juros, Oscar diz que, «entre as formas que temos para se proteger da inflação, um casal precisa realizar pesquisa, vale a pena comprar em maiores quantidades, quando é possível». «Vale a pena pechinchar, barganhar». «Do ponto de vista de investimentos, há investimentos no Tesouro Direto, por exemplo».

Por fim, Oscar ressalta a importância de ensinar para as crianças o valor do dízimo e da doação. «Quando falamos sobre dinheiro, ele apenas vai potencializar aquilo que nós somos. Se eventualmente estamos ganhando dinheiro (…) a tendência é que aquilo que nós somos seja potencializado. Então, eventualmente se nós somos egoístas, se nós somos mesquinhos, ter mais dinheiro apenas vai potencializar isso. Se nós somos benevolentes, se nós somos altruístas, o dinheiro vai justamente potencializar essa virtude que nós temos. Dificilmente, uma criança que  veja que os pais são caridosos, que os pais são solícitos, que os pais doem esmola recorrentemente, não vai praticar isso depois. 

Para Oscar «é o comportamento e a repetição de exemplos que eu creio que sejam bem importantes e que vão ajudar a moldar a criança ao longo de seus anos de desenvolvimento».

* O podcast Café com Fé transmitido ao vivo, toda quinta-feira, às 20h, pelo canal do Youtube do Instituto Católico de Liderança e pode ser baixado nos melhores aplicativos de podcast. Ele também pode ser encontrado no aplicativo de meditações católicas Seedtime, que já está em sua versão 2.0